Por: Silvia Morais - Fotos: Aline Pereira
A audiência pública para debater a possibilidade de retomada das aulas presenciais em escolas públicas do município contou com a presença do secretário da Educação, Felipe Elias Miguel, o professor titular na Universidade de São Paulo e membro do Comitê Intersetorial, Dalton de Souza Amorim, vereadores que compõem a comissão, representantes da Ordem dos Advogados, e sindicatos de categorias interessadas ao tema, além de grande número de munícipes que acompanharam pelas plataformas digitais da Câmara Municipal.
Para o secretário, o retorno às aulas presenciais, mesmo sendo o retorno para reforço aos alunos com dificuldades no aprendizado à distância, em Ribeirão não há como fazer a retomada em setembro, talvez em outubro após análise do comitê e Secretaria da Saúde. Felipe informou também que foram enviados 47 mil formulários, elaborados em parceria com o Ministério Público, para as famílias atendidas pela Secretaria Municipal da Educação. E completou informando que o comitê está instituindo protocolos para um possível retorno, estão sendo analisadas as instalações de escolas, profissionais, transporte, alimentação, e tudo que envolve o ambiente escolar. A flexibilização também é uma opção, se adequando às necessidades de cada família. E reforçou que o cronograma de retomada somente será discutido após todos os protocolos serem cumpridos.
O professor Dalton Amorim, representante da comunidade científica do Comitê Intersetorial da Secretaria da Educação, explicou que o comitê composto por membros do Ministério Público, OAB, Conselho Municipal da educação e sindicatos, vem desenvolvendo um excelente trabalho. Dentro do comitê, ele vem acompanhando informações de outros países no retorno às aulas, e enumerou algumas dúvidas ainda sem respostas a respeito de uma nova rotina.
Em uma apresentação Dalton colocou posições de profissionais e dados analisados, entre eles a taxa de ocupação em UTIs, que atualmente permitiu que Ribeirão Preto ingressasse na fase amarela do Plano São Paulo, mas que segundo o professor existem dúvidas se os números são consistentes com o que é conhecido como fase amarela internacionalmente.
Os gráficos apresentados não significa uma evidência de melhora em Ribeirão Preto, a evolução de óbitos ainda é crescente, e realizando uma curva de tendência, ainda é alta a previsão de casos, mas a realidade ainda é incerta, então o prudente é aguardar o resultado das ações da população no momento, explicou Dalton.
Levando em consideração artigo de um epidemiologista apresentado pelo professor, que defende como nível seguro de retorno às aulas, menos de dez casos novos por 100.000 habitantes, Ribeirão encontra-se quatro vezes acima e considerado impróprio, segundo muitos epidemiologistas para a reabertura das escolas.
A reabertura é segura, conforme relatos de epidemiologistas, com vários protocolos e realização de testes rápidos, e que Ribeirão Preto não tem estrutura necessária para testar as escolas. E levando em consideração matéria veiculada pela imprensa informando que 64% das crianças são assintomáticas, mas elas transmitem, causando o contágio em professores, funcionários e familiares.
Os danos que poderiam ocorrer em crianças e adultos com o retorno sem segurança foi apresentado pelo professor.
As opções apresentadas por Dalton incluem ações para redução do contágio, a testagem em larga escala em escola e fora dela, o retorno somente quando houver menos de dez casos por 100.000 habitantes, e a busca ativa de casos.
Foi dada a oportunidade dos que acompanhavam a audiência, tanto presente como online, a se manifestarem. As dúvidas, questionamentos e esclarecimentos foram expostos.
Ao final a presidente da comissão deliberou que os membros irão providenciar o encaminhamento de uma indicação ao prefeito para que possa acolher todas as informações e indicações. E também será feito o acompanhamento da infraestrutura necessária para a reabertura das escolas de forma segura.
